Matías Morcos
Com somente 24 anos, Matías Morcos definiu uma meta muito clara: resgatar as uvas Bonarda, Criolla e Moscatel. Assim nasceu sua linha de vinhos, que se lhe rendeu a nomeação de “Enólogo Revelação do Ano” no Guia Descorchados 2020. Matías é licenciado em Enologia e pertence à uma família de enólogos. Há 50 anos sua família se mudou do Líbano para a Argentina, onde organizaram uma cooperativa de trabalho. “Todos juntos abriram uma vinícola, assim nasceu uma tradição familiar que elabora vinho a granel que é o que outras marcas colocam em suas garrafas”, declara. Bastou uma viagem ao Chile com um amigo que sua vida mudou. “Vimos que havia uma revolução em uma região antiga com a uva País. Eles produziam vinhos mais naturais e orgânicos, assim nos interessamos em saber como faziam e o que era essa uva País”, conta. Quando lhe mostraram a uva, se deu conta. “Vimos que o que eles fazem com a uva País, nós o chamamos de Criolla Chica e que aqui nós temos milhões de hectares desta uva no leste da província”, confessa. Neste momento pensou que queria revalorizar o que tinha na região leste para oferecer. “Nós buscamos estas fazendas vazias e encontramos hectares de vinhedos quase abandonados às quais tínhamos que colocar amor e trabalho. São terras muito antigas, com tradição e história e queremos respeitar esta ancestralidade do vinho”, esclarece. Alguns dos vinhedos têm plantas de 100 anos. A forma de trabalhar é simples e natural: água, poda e colheita. “Não adicionamos agroquímicos e o trabalho é muito manual. Deixamos fermentar o mais naturalmente possível sem aditivos. A ideia é reinventarmos o lugar”, sintetiza. “Compreendi que não era uma região sem futuro, antiga ou descartável, e sim que tinha uma riqueza e tradição com uvas históricas e gigantes que não estávamos vendo”. Então se decidiu e começou a trabalhar com as uvas Moscatel, Criolla, e logo com a variedade Bonarda. “Meu desafio pessoal foi produzir vinhos que me permitam entrar em um restaurante premium e que fossem prestigiados pelos críticos, mas que ao mesmo tempo meus amigos, que têm 23 anos, possam tomar porque os agradam”, afirma. Quer que a mesma garrafa seja consumida por jovens em bares e ao mesmo tempo que esteja em conformidade com padrões internacionais. “É unir o consumo. Para nós não há um consumidor vip e outro que não sabe sobre o assunto”, propõe.